19 de novembro de 2003

A dolorosa despedida da vida

Hoje, numa peregrinação dolorosa e moralmente inalienável, tive de me deslocar, pela primeira vez na vida a um sector do IPO onde doentes do foro oncológico, em fase terminal, já sem hipóteses de que alguma coisa possa ser feita para diferir o galope da doença, aguardam pacientemente que o coração lhes falte.

Por um lado, num país em que a saúde é medíocre, saudam-se os cuidados postos no funcionamento de uma tal unidade. A preocupação com a tranquilidade, com o bem estar, com a dignidade humana. Tantas vezes esquecida ou atropelada quando se lida com seres saudáveis que fazem parte do nosso quotidiano.

Por outro lado a experiência dolorosa de olhar nos olhos quem se vai despegando da vida aos bocadinhos, embora muito rapidamente. E a convicção que nos fica que a despedida final está apenas presa por um fio frágil que tão só uma brisa leve chega para quebrar. Na próxima hora, no próximo dia, na próxima semana!

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