28 de novembro de 2003

Porque é que o Bush foi ontem ao Iraque?

Em primeiro lugar para aproveitar o facto de ter sido feriado nos States e de, por isso, não estar obrigado a ir trabalhar para a Casa Branca, marcar o ponto, aturar milhentos assessores a tentarem meter-lhe na cabeça coisas que não percebe e ainda a receber dirigentes feios e horrorosos de países que nem sabe que existem e muito menos onde ficam. E sempre a dizer-lhes, com o mesmo sorriso com que libertou o Iraque: o seu país é um paraíso!

Em segundo lugar porque teve a possibilidade de dispor de uma boleia num avião que não enguiçou passados dez minutos de voo, como repetidamente aconteceu há dias com um português que era suposto transportar turistas para o Brasil. Consta mesmo que o avião posteriormente alugado se limitou a levá-los para Cabo Verde porque já não tinham tempo para ir para mais longe e decidiram ficar-se pelo primeiro destino que surgisse na rota

Porque razão viajou Bush em segredo? Primeiro por razões internas. Os americanos são uns tontos que, velhos ou novos, viajam por todos os mais inimagináveis cantos do mundo, a comer hambuguers, a beber coca-cola e a comprar porcarias a título de recordações. Se soubessem da sua viagem cada um que o conhecesse iria pedir que lhe trouxesse um barrilinho de petróleo. Desculpou-se: é melhor assim, a minha permanência será tão curta que nunca terei tempo para ir encher esses barris todos. E mesmo que tivesse, alguém teria depois de os carregar no avião: de certeza que seria carga a mais.

Em segundo lugar fê-lo por modéstia e humildade. Se os iraquianos soubessem da sua ida iriam concentrar-se às centenas de milhar para o vitoriarem, estenderem-lhe as mãos, darem-lhe presentes como prova de gratidão pelo facto de os ter ido libertar a todos, mesmo sem eles quererem. E ele acha que não têm nada a agradecer-lhe, fê-lo desinteressadamente, por dever cívico, para que o pai se pudesse orgulhar dele também, uns tempos mais tarde.

Assim limitou-se a levar um perú e a deixá-lo na messe americana do aeroporto de Bagdad, no centro da mesa. Depois regressou porque o dia seguinte era dia de trabalho e, como em Portugal, parece que também corre por lá um abaixo-assinado a apelar à pontualidade. E ele não quer que os assessores tenham mais um pretexto para lhe dar cabo da moleirinha!

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