12 de junho de 2004

Noite de Santo António e Parlamento Europeu

Santo António deve seguramente ver-se grego esta noite para, em Lisboa, ver as marchas descer a avenida, cantando a erguendo arcos a balões. O mesmo sacrifício deverá fazer Santana Lopes que, por dever de ofício, terá que aguentar a pé firme. Mas não há de facto grande estímulo para a festança. O raio dos gregos não ajudaram à auto-estima do país, como agora se vai dizendo. E o país é de extremos, como se sabe. Antes de tudo começar já somos os maiores, não há concorrência que nos faça sombra, além de nós sobra o vazio. Se as coisas correm mal - e correm muitas vezes! - a depressão é imediata, enchemos as agendas dos psiquiatras com marcações de consultas e agravamos a défice do ministro da saúde com o indiscriminado consumo de ansiolíticos e anti-depressivos. E a única coisa que nos devolve a tal malfadada auto-estima é de facto o futebol porque já nem o fado ajuda. Desvirtuado que foi sendo, no Bairro Alto, com simulacros de folclore e preços exorbitantes para turista velho, endinheirado e burro. E para a fotografia digital porque a instantânea já passou ao museu de antiguidades.

Mas a noite, por estas e por outras, não deve ser longa demais. Amanhã é preciso acordar cedo para ir votar numas eleições que ninguém disse para que eram. Só se falou de cartões a duas cores, por não haver mais, como se isto tudo não passasse de mais uma jornada gloriosa dos Passarinhos da Ribeira. Pode-se votar nem que seja à maneira de Saramago, seguindo o manual que fez publicar para o efeito e exposto nas montras das livrarias. Talvez isso ajude um pouco a recuperar a esperança para o jogo de quarta-feira, com a Rússia. Talvez nessa altura dê para desmarcar a consulta, mesmo sem razões objectivas. Não nos preocupemos muito com isso. Como antes, há muitas coisas que apenas Freud explica!

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