15 de outubro de 2004

Cotonetes, santanetes, socranetes e retretes

Primeiro, muito justamente e sem partilha, a actualidade nacional era dominada pelas cotonetes. Importadas de Espanha, comercializadas nas lojas castelhanas do Minipreço a cem escudos a caixa, serviam para remover macacos do nariz das criancinhas e cera acumulada nos ouvidos moucos dos adultos.

Com a globalização e o mercado único surgiram como extraterrestres as santanetes, produzidas na China, vendidas em série nas lojas dos trezentos e um euro, reflectindo já a queda dos preços que a moeda única trouxe para benefício de reformados e beneficiários do rendimento mínimo, como os futebolistas desempregados da segunda divisão.

Agora o neo liberalismo do carapau e da serra da Arrábida deslocaliza a cova das Beiras, encerra as minas da Panasqueira, cria anticorpos nos Olivais e na Gomes Teixeira e o marketing, criativo e incansável, lança no mercado as socranetes. Mini saia, perna ao léu, meia de vidro, sapatos da Charles comprados nos saldos com cartão.

Qualquer dia, com papel higiénico e água corrente - já privatizada para reduzir o défice e equilibrar o orçamento - ainda um qualquer ismo importado das Américas há-de ter a sua quota de mercado nas retretes.

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