16 de novembro de 2004

Cuecas no estendal

Cuecas de gente famosaEstou que não me contenho. Já as vi envergadas por crianças, adolescentes e adultos. De pano-cru, riscado, algodão e popelina inglesa. Ataviando militares de carreira, polícias e paisanos. Clérigos de sotaina e abstémias irmãs com voto de castidade. Trolhas, carpinteiros de tosco e picheleiros. Ministros, deputados, autarcas e eleitores sem cadastro. Nacionais e estrangeiros, brancos, pretos e mestiços. Fiéis da IURD e de outras crenças e acreditações. De Vilar de Perdizes a sítios onde mesmo o coelho só medre na coutada. Pelo joelho, meia perna, cobrindo as misérias, deixando tudo à mostra. O país, esse, esperançosamente, já alguém o pôs de tanga e se entreteve a mirá-lo discretamente.

Agora de gente famosa! Lisas, brancas ou de cor, às riscas ou aos quadradinhos, género tabuleiro de damas ou camisolas do Boavista. Em tecido ou de malha, com ou sem borboto. Imaculadas da lavagem com omo e aloé vera, encardidas, mesmo borradas, a crosta seca. Inodoras, perfumadas, mal cheirosas. Nunca pensei que usassem! A Lili de cuecas, a Cinha de cuecas, o conde de cuecas, o Santana de cuecas. O major, o Pinto da Costa, o Dias da Cunha, todo o sistema de cuecas. As nádegas a espreitar, roliças, redondas, obtusas, em formato de trapézio, descaídas.

Vou a correr à FNAC a comprar dois bilhetes de ingresso no evento. Cadeiras de orquestra, assim ao meio da sala, de onde se veja bem o que passa no Espaço T. É preciso estar atento, manter-me vigilante. A seguir hão-de certamente vir os cus. E desses só vi os de Judas e mesmo assim depois de ter pago pelo livro do António Lobo Antunes!

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