18 de fevereiro de 2006

Passagem para a lua

Venho aqui hoje, muito rapidamente, para deixar um pequeno texto e uma grande preocupação. Em tempos, algures num recôndito local deste estranho País, numa casa portuguesa com certeza, uma família terá tido um filho, quando isso ainda era comum e os índices de natalidade não tinham sido ultrapassados pelo défice orçamental e pela taxa de inflação. Não necessariamente no Entroncamento, onde há abóboras que nascem com pernas e nabos com cabelos eriçados à custa de gel. E onde, numa sã convivência e à falta de melhor, acabam todos a trabalhar para a CP com contratos precários ou mesmo a recibos verdes.

Esse ditoso rebento, que pode mesmo ser natural da cova das Beiras e conterrâneo das cerejas do Fundão, transformou-se por via do estudo aturado num credenciado cientista da Universidade de Aveiro. E com o rigor que faltava ao engenheiro Guterres, mau grado a inteligência e a classificação final da licenciatura, acaba de concluir que, de forma estranha e preocupante, a lua - sim, o satélite onde metade do País vegeta desde a batalha de S. Mamede! - se afasta da Terra - dito planeta azul em homenagem ao Belenenses e ao senhor Pinto da Costa, não se sabe bem porquê! - à razão de 3,8 centímetros por século, o que corresponde a cerca de 4 décimas de milímetro por ano.

Viajei hoje pela auto-estrada do norte a caminho de Fátima com o credo na boca e a memória da irmã Lúcia, que amanhã há-se ser trasladada, no pensamento. Implorei à Senhora de Fátima que, à falta de pastorinhos e de azinheiras, voltasse a aparecer no telhado de um prédio de cinco andares aos filhos de alguns vendedores ambulantes e lhes garantisse que, daqui a cinco séculos, nem por isso as viagens à lua aumentarão de preço. Porque se, quanto a isso, a gente se fia no engenheiro com nome de filósofo, estamos fritos!

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