26 de março de 2007

Empresas Municipais, Unipessoal, Lda

Por mera questão de atavismo ou por razões mais sérias que nem Freud ousaria explicar, nunca consegui compreender os benefícios que as empresas municipais acrescentam à qualidade de vida dos seus munícipes. O erro, obviamente, é meu que, como sempre, deveria estar distraído quando um qualquer governo desta típica democracia do ora agora entras tu, ora agora saio eu, o explicou ao eleitorado com os mais ínfimos detalhes. Como se este, o eleitorado, fosse muito, mas mesmo muito burro. Depois, abstencionista confesso, por pragmatismo e por crença na táctica do tudo a monte e fé em Deus, não devo ter participado no referendo que, sobre o assunto, deve ter sido levado a efeito acima das neves do Kilimanjaro e do tecto celestial a que apenas voam os anjinhos com asas e o major Valentim Loureiro.

Mas sendo compulsivamente utilizador dos serviços públicos que se acomodam em logradouros infectos, em vãos de escada húmidos onde os ratos procriam, em caves escuras e bafientas onde ninguém mija, nunca vi que nada disso pudesse mudar-se por simples postura municipal ou despacho da vereação. A Pide, como sabe quem ainda conserva alguma memória de tempos idos, não alterou propósitos quando passou a chamar-se DGS e manteve a mesma negativa eficácia na prática da tortura. Mais recentemente, no Porto, os SMAS não ganharam maior eficiência com a passagem a empresa municipal e, impunemente e à nossa custa, continuam a desperdiçar uma percentagem assinalável da água que injectam nas condutas, em fugas e mais fugas, rupturas e mais rupturas. A não ser na acumulação de cargos, de vencimentos, de ajudas de custo e de cartões de crédito. Tudo legitimamente e, mais do que isso, tudo insuficiente e ridículo quando comparado com o raio da terra. Especialmente se expresso em milímetros.

Do mesmo modo se não vê que um incompetente vereador, eleito pela vontade masoquista e estúpida de pessoas como eu, possa passar a ser um competente e exemplar administrador, defensor da causa pública e dos dinheiros que lhe não pertencem. Isso viu-se agora num qualquer relatório que o Tribunal de contas emitiu, depois de ter chegado às conclusões que todos podíamos facilmente adivinhar, depois de sempre as termos sabido. Espanta apenas, por surrealista e mentalmente atrasada, a posição assumida por um tal Dr Ruas, de Viseu. Que, acreditando-se em Deus, não se sabe por onde andaria quando Este passou por terras de Viriato a distribuir alguma inteligência aos bípedes da região. Ou será que terá deixado de fora alguns preclaros autarcas, por imerecedores?

5 Comentários:

Às 12:48 da tarde , Blogger Meg disse...

Espera... vinha aqui dizer-te que , embora goste muito de "A Brasileira", tenho muitas saudades do Majestic...e do ar que lá se respira..
E fiquei com ciúmes do convite, pois na D.João I também tive alguns "amigos arrumadores", noutro tempos...A.R.
Agora outra prosa, não acredito!
Vou ler de rajada... como sempre.
Já volto. Um beijo grande

 
Às 1:07 da tarde , Blogger Meg disse...

Quem diz que não sabem administrar?
Sabem e muito bem, e não era preciso vir nenhum Tribunal de Contas contar histórias.
Tem sido um fartar, vilanagem...
Empresas municipais, garantem a qualidade de vida de uma corja de oportunistas com nome e apelido que me excuso a referir... mas que toda a gente, ou quase toda, conhece.
Quanto aos serviços, reza-lhes pela alma, seria preciso outro terramoto para que as coisas mudassem, e, mesmo assim, não tenho a certeza, já que a "coisa" atingiu tal dimensão...
200 vezes o ordenado do primeiro ministro, é isso, não li mal, está confirmado.
Competência, era verde, passou um burro e comeu-a!
Para que é necessária, se não é para os engenheiros e afins?
Contigo fico ainda mais recalcitrante...
Um grande beijo e obrigada por mais esta pedra no charco (aliás, pântano).

 
Às 6:24 da tarde , Blogger bettips disse...

Ora agora dizes tu, ora agora digo eu! Estou a ficar com complexo de grupo/grupelho: exorto a quem passar que deixe o seu traço/risco na paisagem para não nos sentirmos tão "isolados"!
Esclarecimento: a maior parte de "munícipes com arte" (e mesmo alguns administrators/alligators) é tratada no cabeleireiro (antigamente: ver "barbeiro"), com algumas pinceladas de ruivo, ou preto (quero dizer "negro")...ficam giríssimos e parecem patos bravso em vez de patas chocas e velhas! Tias é na marquesa, qualquer que ela seja imaginada... E faz-me lembrar um qualquer programa que é "7X7"??? e neste caso aritmético é: 70 contos X 70 vezes. Adeus, compadre, até outro dia.
PS.(já há ciúmes virtuais à venda...e nós tão inocentes) Bjinhos

 
Às 8:24 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Isso é da Primavera?
Vou passar aqui com mais frequência, porque pelos vistos estás inspirado. Continua, que nós te agradecemos, como vês pelos comentários junto.
Cumprimentos

 
Às 1:41 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

Calculo que estas empresas municipais ( ou municipalizadas?)tenham sido criadas, não para colmatar necessidades dos munícipes mas para corresponder a interesses administrativos e/ou individuais.
As pessoas que formaram essas empresas eram, normalmente, anteriores trabalhadores camarários nesse ramo. Saíram da dependência directa da autarquia, diminuiram o número de funcionários públicos - efectivos e/ou contratados - e continuam a trabalhar para ela, não em regime de exclusividade, e ainda vão ganhando - e dando! - uns trocos por fora, ao que parece...
Como vês há uma conjugação de interesses... (Pena é que não seja sempre assim!)
Para quê tanta indignação?

 

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