12 de julho de 2013

A Presidente da Assembleia da República e os carrascos

A presidente da Assembleia da República deu ontem, numa sessão única, um conjunto de dignificantes exemplos ao ocidental protetorado e ao mundo, incluindo o império alemão e a sua imperatriz. E fê-lo invocando a erudição ao citar Simone de Beauvoir e praticando a falta de princípios em que se vai afundando a instituição a que preside, sob a muleta de uma maioria que ficará na história pelos piores motivos, absolutamente irrevogáveis.

Nem ela nem os seus pares foram eleitos para ter medo de quem os elegeu. E quem os elegeu não o fez para ter medo, como tem cada vez mais, a cada minuto que passa, nem dela nem do governo espúrio que patrocina.

Nem ela nem os seus pares foram eleitos para ser coagidos por quem os elegeu. E quem os elegeu não o fez para ser vilipendiado e coagido em relação a tudo, sem audição prévia e sem palavras, como se fosse sucata não passível de reciclagem.

Nem ela nem os seus pares foram eleitos para não ser respeitados por quem os elegeu. E quem os elegeu julgou-os todos como gente de bem, mesmo quando vendidos ao eleitorado como detergentes, e não lhes deu o voto para ser sistematicamente desrespeitado e ignorado em todas as decisões que apenas visam o interesse de uma minoria que começa na banca e acaba nos supermercados.

Equivoca-se esta aposentada de luxo, desde os 42 anos e por incapacidade, quando diz aos “senhores deputados” que serão de considerar as regras de acesso às galerias de São Bento. Porque essas regras devem existir sim, mas apenas e só para os parlamentares que, soberanamente, o povo lá deve pôr e de lá deve retirar, irrevogavelmente, no sentido tradicional e à margem do conceito definido por Portas na semana passada. De resto a casa é do povo, o povo a pagou e o povo a sustenta. À casa propriamente dita, à instituição e aos deputados, ao preço que indecorosamente estes têm estabelecido, em proveito próprio. Incluindo os automóveis topo de gama e excluindo os Renault Clio.

“Não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes”, disse a dita cuja, invocando Simone de Beauvoir. Nem quem a elegeu pode permitir, alguma vez e de algum modo, que ali se deixe de séria e dignamente representar o povo, para instalar uma câmara de tortura que transborda do hemiciclo para os corredores e para as ruas, subjugando aldeias, vilas e cidades, como a memória de cada um de nós deve continuar a recordar que aconteceu num passado não muito distante.


Não seria preciso que Assunção Esteves fosse uma mulher digna. Bastava tão só que fosse uma Mulher, e já se teria demitido. É uma mulherzinha, com um m muito, muito pequenino...

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