6 de fevereiro de 2014

A novela dos Mirós

Eu nunca vi um porco a andar de bicicleta e ainda me poderia admirar. Graças a Deus, e ao Boavista, que o senhor João Loureiro já viu e eu não tenho razões para duvidar do seu olho de lince e de outros conhecidos atributos seus. Como a hereditariedade e o jeito para a música como vocalista de um grupo que andou por aí a fazer chinfrim e que tinha um nome mas que não era Madredeus. O que eu vi foi só o seu progenitor a andar de fritadeira, atrás de uns sacos de batatas, algures na zona de Maquela do Zombo e, desde aí, que lhe admiro a habilidade para o triplo salto mortal invertido sob comando de um apito dourado.

Não fosse isso e eu nunca acreditaria que Coelho fosse nome de gente, Portas apelido de vice qualquer coisa e, atentem, não sei quê Xavier secretário de estado da cultura. Cultura assim, em sentido lato, sem ser do milho ou do feijão que, por sermos ricos, importamos de Espanha que é pobre e só produz laranjas e desempregados. Mesmo com óculos o tal de Xavier continua míope e não enxerga coisa nenhuma, embora fale muito e diga pouca coisa. Mas, pelos tempos que correm, passou inesperadamente a estrelar a novela dos quadros pintados pelo catalão Miró que já quase destrona o êxito cultural da casa dos segredos e da respeitável dona Teresa aos gritos Guilherme.


O principal figurão da novela é um tal do extinto reino dos algarves que confessa ser grande admirador de Miró desde os tempos em que, pelos canaviais, ambos corriam de fisga à caça dos pardais. Admira-lhe a arte na construção das fisgas mas escusa-se a pronunciar-se sobre a respectiva pontaria, até porque a caça ao pardal é proibida por portaria camarária e pelo mais profundo espírito da constituição, Da que está em vigor ou da do professor beirão, para ele tanto faz, desde que haja bolo-rei para o lanche.

Outro figurão, dispensado do “casting” por falta de aptidões, proclama, desde a gaiola de São Bento, que a defesa do país e o futuro dos portugueses depende da venda dos Mirós e, ameaçador e estúpido, ameaça ir buscar alguns milhões à saúde e ao ensino, onde já quase só sobram casas mortuárias, escolas fechadas e professores no desemprego. Por mim até suspeito que se os quadros puderem ser vendidos a tempo ainda haverá bilhetes grátis para o Benfica-Sporting do próximo domingo e a equipa de arbitragem terá uma semana de férias numa estância das Caraíbas.


A estrela, salvo seja. O tal não sei quê ar ridículo Xavier para quem, eruditamente, a cultura é apenas batata, importada das Astúrias, em sacos de cinquenta quilos. E que pensa que a cultura é mesmo batata frita, comprada nos supermercados, para matar a fome aos meninos que fazem surf, aprendem golfe e incham de obesos, enquanto reprovam a português e a matemática, para emigrarem e fazerem diminuir as taxas de desemprego. Como acha, com inteligência, que a culpa do imbróglio dos Mirós é do Afonso Henriques que nunca devia ter descido de Guimarães, de quem o problema foi herdado, e que não consta que soubesse ler ou escrever. Como ele não sabe, coitado!

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