22 de maio de 2014

A festa e o palito

Neste país de sonho e surrealismo, mesmo com Luiz Pacheco e Mário Cesáriny mortos, não se sabe bem se será a festa e o palito ou a festa do palito! Mas adiante, o país há-de cumprir seu ideal e levar-nos à felicidade total, empobrecendo e rindo.


A festa, salvo seja, é um jogo da bola entre duas equipas de Madrid, capital da vizinha Espanha para quem possa ter menos vasta cultura geográfica. A festa é uma invasão que se espera, maior do que a que foi travada em Aljubarrota – ou Aljuba Rota, com o acordo ortográfico? – sem nenhum Nuno Álvares Pereira comandando a tropa fandanga. E que levará ao Campo das Cebolas, no rigor de um repórter de televisão, centenas de milhares de espanhóis, que farão jorrar milhões de euros das torneiras dos sanitários públicos, antes de se acotovelarem nos cerca de 65 milhares de lugares do Estádio da Luz. Não se sabe como, mas a eliminação de todos os espaços inter-moleculares resolverá seguramente o assunto e a crise. A festa terá o contributo de mais de um milhar de polícias, que ajudarão a agitar as bandeiras, e de uns aviões de caça, dois submarinos e uns “drones” que as transportarão.

O palito é o nome popular de um Baltasar qualquer, sexagenário, de um lugar entre fragas, que baleou umas pessoas e, de caçadeira ao ombro, se ausentou de Valongo dos Azeites, para não mais ser visto. E pôs a ridículo todas as autoridades do país, acompanhadas de ministros e cães de fila, que nem o rasto foram capaz de lhe cheirar, mesmo quando se deteve para urinar atrás das moitas. E que, finalmente, parece que acabou por ser detido ontem, quando tranquilamente metia a chave à porta e entrava em casa para tomar banho e mudar de ceroulas, com metade dos efetivos de polícia já reformada e a outra metade morta de cansaço. Diz a polícia que sobra que a captura foi resultado de uma cilada armada ao fugitivo, aliciado pelo banho retemperador e por um  bitoque com ovo a cavalo e batatas fritas. Tecnologias e métodos de investigação!


13 de maio de 2014

Dos jornais

Aproveitando a melhoria do tempo e a aproximação do verão, viajou ontem para a República Popular da China, no merecido gozo de férias, o emérito reformado boliqueimerense Aníbal Silva, na gentil companhia da sua excelsa cara-metade, Maria Cavaca. Para que não sobrem dúvidas a viagem, a cargo de um conhecido operador turístico, foi adquirida no regime “viaje agora que ao zé saca-se depois”.



A excursão integra ainda reformados, indigentes e celerados provenientes de outras freguesias, a título de empreendedores, com cujo contacto o rabicho muito poderá beneficiar, na conversão ao cristianismo, na aprendizagem do catecismo e na tabuada de multiplicar impostos e subtrair direitos e outras regalias. Para reduzir os riscos de contágio foi o ilustre boliqueimerense vacinado contra a febre amarela e subscreveu a histórica declaração 27003, em que repudia de forma veemente todas as doutrinas comunistas ou aparentadas, ainda que filhas ilegítimas do senhor Mao Zedong.