9 de maio de 2015

Hoje fiquei muito contente

Quando soube, pela televisão, que se comemorava o dia da Europa. Antigamente ensinaram-me na escola que a Europa era um continente – que agora é um supermercado onde se vendem frutas e legumes – e eu pensava que ele tinha todos os dias, como a Ásia, a América, a África e o meu amigo de infância, José Sapalo, umbundo dos sete costados, falecido há muitos anos, afogado em cachipembe de fabrico ilegal.

Depois eu, mesmo não o parecendo, estou sempre pronto para comemorar seja o que for, de preferência de copo na mão e espírito patriótico. E tanto assim é que já tenho ali a um canto uma bandeira do Benfica, outra do Porto e outra do Sporting para celebrar as classificações que obtiverem no campeonato nacional da bola. E não passo por Coimbra sem fazer uma pausa, curvar-me frente ao túmulo de Afonso Henriques e dizer-lhe apenas, baixinho e em surdina que, se calhar, não teria sido preciso bater na mãe para ser rei. Teria bastado mandar ao Papa da altura a contribuição que o mesmo exigisse e umas garrafitas de Porto vintage, se já as houvesse.

Depois fiquei “espantadérrimo” com as perguntas feitas na rua e que me confirmaram que a malta sabe da Europa tanto ou mais do que de matemática ou português e até mesmo tanto como os professores que chumbaram na avaliação de há dias atrás. A Europa, como se sabe, é para nós o abono de família que o malogrado Eusébio era para os colegas de equipa. Os salários baixam, o desemprego aumenta, o senhor dos passos diz que a competitividade progride, as portas rangem nos gonzos, o agiota aumenta a taxa de juro e a senhora Merkel não precisa de invadir a Polónia como fez um bastardo de um alemão nascido na Áustria, para arrecadar os lucros.


De resto parece que que tudo começou com uma declaração de um tal Robert Schuman, feita a 9 de maio de 1950, mas não disseram nem perguntaram quem o mesmo tinha sido. Mas, pelo nome, deve ser um qualquer jovem avançado por cuja contratação se degladiam os nossos competentes dirigentes desportivos, na mira de amanhã o venderem, como presunto, ao Real de Madrid ou ao Maschester United. Daí por diante aquilo a que já abusivamente se chama Europa foi sendo fabricado nos gabinetes dourados dos políticos, sem perguntar nada a ninguém e sem se preocuparem com isso. Os sábios não precisam nem de conselhos nem de consultas…

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