Todo o teu corpo
Todo o teu corpo, envolto no
crepe translúcido da ternura da manhã, uma montanha toda coberta de verde,
vales suaves e montes eretos, oferecendo-se ao sol e à escalada, exposto à flor
de carícias e de beijos, próximo, muito próximo, à distância breve do perfume
que se te liberta dos cabelos. E o sol espreitando ainda abaixo do horizonte,
seguindo de perto a alvorada, pronto a erguer-se a oriente, saltando o fio fino
e frágil que nos separa do dia claro e da descoberta das horas entrando pela
janela.
Os lençóis desalinhados
sobre a cama, os raios de sol moldando-se à forma das frestas da janela,
acariciando-te o pé pequeno, exposto à luz, como se a esperasse. Sinto que
desperto lentamente sobre a esperança suave do teu peito, chega-me aos ouvidos
a tua respiração tão serena como o cheiro breve das flores de tília, o teu
coração a bater compassado e certo sob a palma da minha mão que esboça uma
carícia hesitante, nem sonhos nem vestes de permeio.
Tomo o teu pé entre as
minhas mãos, passo um polegar levemente sobre o teu dedo pequenino, quase me
parece que estremeces, olho para os lados e nem a luz nem o sol trouxeram
consigo o sapatinho de cristal que gostaria de calçar-te. Adivinhas-me os pensamentos,
esboças um sorriso, estendes-te por entre os lençóis revoltos, abres os olhos
devagar, és toda um beijo e um abraço que me envolvem e que saúdam o novo dia e
a descoberta!
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial