14 de novembro de 2015

Morro-me devagarinho

Morro-me devagarinho. A imagem da renúncia a cada manhã, escorregando pelo espelho embaciado abaixo. Sempre os mesmos passos, inseguros e frágeis, percorrendo os mesmos trajectos irregulares do cimento mal afagado dos passeios, a cabeça caída, o olhar fincado na ponta dos sapatos, cambados e velhos. E tristes.


Assim me vou aquietando, e encolhendo, a um canto da vida. Com os dias silenciosos e lentos, como se fossem anos, sempre de inverno. O sol carregando a mesma humidade da chuva e o mesmo brilho ausente dos nevoeiros densos e persistentes. Sem nenhum Dom Sebastião que se espere, a derrota de Alcácer Quibir até onde morre o horizonte, o mar pelo meio, cortina para o desconhecido.

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