30 de novembro de 2015

O sol entrando de braçado

O sol entrando de braçado pelas frestas estreitas que se abrem entre as estrelas, a milhares de anos-luz, e esta sede sem limite de abraçar o fogo que desce das montanhas, envolto em tecidos de linho fresco, varrendo as flores dos castanheiros que seriam vendidas à dúzia, às esquinas do medo que povoa as ruas desertas das cidades submersas, onde não há nem rebanhos nem pastores, os prados verdejantes sem préstimo para nada, domínio público para o desbarato.


Já ninguém tem dúvidas, ninguém se engana, ninguém se pergunta por que razão hão-de as castanhas ser assadas às esquinas e vendidas a alguns euros a dúzia, ainda quentes, por mais frio que seja o inverno que sobe as escadas. Porque hão-de as ameaças de paz vir sempre a explodir fortunas nos canos das espingardas e no objectivo milimétrico dos mísseis de longo alcance, arrasando camélias antes que lhes desabrochem os botões e uma gota de água cristalina fique suspensa na nervura de uma folha, entre dois raios de sol?

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