15 de dezembro de 2016

Acordei dentro de um dia fresco

Acordei dentro de um dia fresco, com um sol brilhando-me em cada pupila. Com as horas curtas, perdendo-se nos restos do equinócio. O relógio a manter-se quase imóvel. Os ponteiros parados. Uma ansiedade a crescer-me no peito. O céu tão claro, tão bonito, tão coberto de um mar de camélias brancas. O céu devia ser assim sempre, em toda a parte, para toda a gente. O sol sorrindo, tão confortável no seu aconchego. Toda de verde a margem do rio, o espelho perfeito das águas, reflectindo os corpos dos barcos fundeados e o volume do monumento subindo pela escarpa.


O sol resistindo à fatalidade do crepúsculo, adiando o gume do horizonte e a tragédia da tarde. E o mar plano, largo, macio. Estendendo-se como um tapete até à última distância do poente. Aguardando pelo encontro, à hora certa. E pelas nossas mãos, à procura da calçada sobre a praia. Um casal de gaivotas desenhando a harmonia do voo numa réstia de azul, ainda vazio de penumbra. Depois o véu rasgado de repente, abrindo a nesga necessária para mergulhar na noite. A explosão das chamas, o inteiro incêndio do oceano, o por do sol nas lavas de um vulcão.

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