4 de dezembro de 2016

Um rio calmo na manhã de domingo

Um rio calmo na manhã de domingo. Meia dúzia de casas térreas na margem plana. À sombra imponente das copas tropicais. Ficus elastica, morácea tropical, palavrões eruditos. Antes do rio se torcer numa curva logo adiante. Lavando as águas que, devagar, leva para o mar. Esfregando o sol nos olhos da paisagem. Espreguiçando-se pelo verde descansado da planície. Como gatos sobre os telhados quentes do inverno. Esgotadas todas as horas de descanso incluídas nos decretos. Velhos sem tempo, sentados às portas, de pés descalços e barbas brancas escondendo a idade. E a semana que vem, na tarde do dia curto de solstício.



Cada palavra um espaço. Uma sinfonia entoada pelo voo dos pássaros. Asas abertas e penas coloridas. Rasgando as nuvens e o azul, em si bemol. Como cavaleiros medievais cercando fortalezas. Batendo o ferro em brasa no gume futuro das espadas. As conquistas e o cansaço das bigornas. O galope dos cavalos, o tinir do aço no auge da refrega. Uma estrela cadente em Alcácer Quibir, que não há norte para Dom Sebastião. Nem sul ou meridião. 

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