24 de março de 2017

Não queiras domar o rio

Não queiras domar o rio, nasce com ele. Acolhe nos olhos o brilho cristalino das águas da nascente. Segue os saltos inquietos sobre os acidentes do percurso. Estende o leito sob a sombra fresca das veredas, contempla as neves do inverno, no alto dos braços nus das árvores. Converte-te de todo ao fascínio da planície, enche de verde os campos das margens. Ouve o canto dos pássaros, aspira o perfume das flores silvestres. Acompanha a construção dos ninhos e o voo alto das cegonhas. Celebra o nascer do sol, o crescimento das crias, a chegada da noite, as promessas luminosas da madrugada. Abre os braços para a vida, sorri para o fio do horizonte, oferece o peito às ondas de ternura. Sente o coração que te pertence, deixa que bata ao ritmo que entenda. Enche as mãos de quanto desejas, ignora a aridez solitária do deserto, cuida de ti. Deixa que te amem, acaricia a felicidade no teu colo, entrega-te à certeza dos dias futuros. Ama-te!


1 Comentários:

Às 6:29 da manhã , Anonymous alfacinha disse...

Descrição linda dum rio livre que siga o seu próprio curso
Abraço

 

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