3 de março de 2017

Traz-se sempre a vida atravessada na garganta

Traz-se sempre a vida atravessada na garganta. Uma chuva fria a meio da tarde, algumas pequenas pedras de granizo contra a vidraça. O desencanto no fundo de uns olhos tristes. A caminhada inconsequente dos relógios, o tempo parado. A memória rasa dos sítios onde nunca fomos, o desejo de regressar aos destinos felizes onde nunca estivemos. O desencanto de uma colher de mel tirada de um frasco vazio, urze ou rosmaninho, o zumbido das abelhas sobre as flores minúsculas. A esperança distante como um sistema planetário ainda por descobrir, o sonho no fundo do enorme buraco escuro de que se fez o mundo.



Tudo para nada. É sempre precisa uma razão para todas as coisas. Não servem de nada as estradas que não levam a lugar nenhum. Que interessa a esperança se o verde ainda está por inventar? Há sempre o perfume breve de uma rosa enchendo-nos as narinas, e o espinho que se nos atravessa na vida!

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